Há um sábio princípio de navegação que diz: “Não importa como os ventos sopram, mas como você posiciona as velas. No mesmo mar e com as mesmas condições climáticas, dois veleiros podem ir em direções opostas.”
Da mesma forma, o principal diante do insulto não é a ofensa recebida, mas a maneira como respondemos a ela. E podemos fazer isso de duas formas principais:
1) Nos colocando como espectadores, nos sentimos vítimas e reagimos com violência. Por sua vez, sendo espectadores, podemos ser passivos ou ativos.
No primeiro caso, estamos cheios de raiva, mas nos sentimos impotentes para reagir (as pessoas que o fazem têm tendência à depressão, doenças autoimunes e infecciosas e diabetes).
2) Nos colocamos como protagonistas e assumimos conscientemente a responsabilidade de governar a situação que temos que viver, enfrentando a situação a partir de uma das 20 abordagens:
1. Abordagem da ACEITAÇÃO: Aceitar e receber o fato do insulto como ele é, sem, portanto, concordar com seu conteúdo.
2. Abordagem da SERENIDADE: Alertar que não faz sentido perder a razão para alguém que, ao nos insultar, já demonstrou que a perdeu.
3. Abordagem de COMPREENSÃO: Quem insulta fica fora de si, cego pela raiva e imerso em problemas que não consegue resolver. Se sente vítima de alguma injustiça, ou conhece sua culpa, mas usa o ataque como defesa.
No fundo, ele é uma pessoa que sofre e se sente impotente; no fundo, ele precisa de ajuda e apoio emocional. Assim, permanecemos serenos e íntegros, não nos deixando levar pela raiva do outro e, ao mesmo tempo, estendemos a mão a quem dela necessita.
4. Abordagem da PRUDÊNCIA: Advertimos que o que parece ser um ataque à nossa integridade e que poderia nos ferir (como um insulto) está diluído e desbotado no que realmente é: uma opinião adversa sobre o que aparentamos ser, e não necessariamente sobre o que somos.
5. Abordagem da PAZ: Se permanecermos serenos diante do insulto, com nossa atitude, dissolvemos instantaneamente qualquer reclamação ou calúnia.
6. Abordagem da CARIDADE: Se posso amar e estar em paz quando estou ofendido, não apenas benéfico a mim mesmo, mas também beneficio os outros. Irradiando calma, colaborando e ajudando os outros a se pacificar.
7. Abordagem da CONSCIÊNCIA: Se quem me insulta está expressando uma verdade sobre mim, ainda que de forma inadequada, aproveito para tomar consciência dela e assim poder me superar. Se o erro não for verdadeiro, então não sou quem o outro pensa que sou; nesse caso, não há razão para se preocupar.
8. Abordagem da REFLEXÃO: Permite que você dê um passo para trás para examinar o problema com mais clareza e evite cair em um acesso de raiva.
9. Abordagem do RECURSO: Permite consultar a consciência e que este é o guia de nossa conduta. É mais fácil devolver um soco do que colocar o punho fechado no bolso, mas só assim o atacante pode ser mobilizado.
10. Abordagem do HUMOR: É um excelente neutralizador do ácido do insulto. Uma mulher dirige seu carro enquanto outro motorista a ofende, referindo-se a sua mãe. Ela abaixa calmamente a janela e pergunta a ele: Será que nós nos conhecemos?
11. Abordagem da ESTRATÉGIA: A melhor estratégia é aquela que o adversário não espera. E quando alguém insulta você espera que o outro reaja com raiva. Ficar calmo não só nos permite governar a situação, mas também desarmar o oponente e semear a dúvida no campo de suas crenças.
12. Abordagem da JUSTIÇA: Quem insulta, ainda que de forma ruim, está reclamando. É então necessário reconhecer o direito que lhe corresponde (que pode não coincidir necessariamente com o que exige) ou defender o seu.
13. Abordagem da TEMPERANÇA: Tanto aquele que insulta quanto aquele que se ofende e reage, perdem o controle sobre suas paixões.
14. Abordagem da TRANSCENDÊNCIA: Permite se distanciar da situação, sair dela e observá-la de fora.
15. Abordagem da LEI DE TERCEIROS: Independentemente de quão mal ou bem façamos as coisas, todos nós temos adeptos, indecisos e oponentes, em números iguais. O terceiro a favor deve ser alimentado, o terceiro flutuante deve ser seduzido e o terceiro contra deve ser governado. O terceiro contra é essencial para o nosso crescimento (os dois erros mais frequentes são tentar conquistá-lo ou combatê-lo).
Quanto mais lutamos contra o terceiro, mais o fortalecemos. Se quem me insulta é meu terceiro contra, não vale a pena fazer nada porque é impossível agradar a todos, assim como não é possível que todos me agradem.
16. Abordagem da COMPETIÇÃO: O adversário, como o solo, não é nosso inimigo, mas nosso aliado. Ambos, ao resistir, nos dão a possibilidade de nos afirmar e avançar no caminho.
17. Abordagem da HUMILDADE: Pela humildade não aparecemos mais do que somos, mas somos mais do que aparecemos. Assim, o insulto é a oportunidade de lembrar que o outro é mais do que mostra com sua explosão.
18. Abordagem da SABEDORIA: Da sabedoria o impacto do insulto é absorvido, como o adulto absorve o golpe de um bebê. Ele assimila a lesão e a transforma, devolvendo-a a uma convivência saudável.
19. Abordagem da RESPONSABILIDADE: Ambos somos responsáveis por nos deixar levar pela raiva e fúria quando alguém nos insulta como por dar uma resposta saudável, sensata e justa.20. Abordagem da LIBERDADE: Ao responder ao insulto com violência, saímos de nossa órbita e perdemos nosso autocontrole. Sou livre para responder com calma sendo construtivo, mas sou um escravo de reagir com raiva sendo destrutivo.