Os casais que têm um filho são realmente mais felizes do que aqueles que optam por não ter um filho?
Instintivamente, muitos provavelmente responderiam sim a essa pergunta, mas pesquisas científicas sugerem que a realidade é definitivamente mais complicada do que essa simples suposição.
Um novo estudo, analisou dados de pesquisas de mais de um milhão de pessoas ao longo de 11 anos para determinar exatamente quais fatores afetam o bem-estar emocional dos casais.
A primeira análise, que não levou em conta fatores adicionais, veio como um resultado surpreendente: ter um filho estava, em média, associado a um menor bem-estar emocional dos pais do que não ter filhos. Este achado foi estatisticamente significativo para homens e mulheres.
Mas como explicar isso?
Para descobrir, os cientistas analisaram ainda mais o conjunto de dados. Em primeiro lugar, a renda familiar foi levada em consideração com o argumento de que criar os filhos custa muito e, nas famílias mais pobres, esse fardo financeiro pode reduzir os sentimentos de felicidade.
Também neste contexto, verificou-se que ter um filho estava associado a um menor bem-estar emocional dos pais do que não ter filhos.
Uma família de baixa renda que vive em uma área onde os custos são mais baixos pode sofrer menos pressão financeira do que uma família de alta renda que vive em uma área onde o custo de vida é muito mais alto.
Portanto, os pesquisadores realizaram novas análises, desta vez perguntando se as famílias tiveram dificuldades para pagar suas contas no ano passado. Esta análise mostrou que as dificuldades no pagamento de contas são um fator central na relação entre a procriação e o bem-estar dos pais.
Quando os pesquisadores controlaram estatisticamente as dificuldades financeiras, ou seja, famílias que não apresentavam dificuldades particulares, ter um filho estava de fato associado a um maior bem-estar emocional dos pais.
Os pesquisadores então levaram em consideração a idade das crianças em suas pesquisas e chegaram a outra descoberta interessante. Embora a presença de crianças mais novas na família tenha sido associada a um melhor bem-estar dos pais, essa associação foi muito menos forte entre os adolescentes, provavelmente refletindo conflitos crescentes entre pais e filhos à medida que as crianças atingem a adolescência.
No entanto, verificou-se também que a presença de enteados na família também teve um efeito menos positivo no bem-estar emocional dos pais do que seus próprios filhos do relacionamento atual.
De modo geral, a relação entre ter um filho e o bem-estar emocional dos pais não é tão simples quanto pensamos, e as dificuldades financeiras, entre outras coisas, têm um grande papel para que ter ou não um filho signifique maior felicidade para uma família.